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Uso da Internet Afeta a Memória

internet-afeta-memoriaUm estudo da Universidade Columbia provou na prática, pela primeira vez, um conceito que tem gerado polêmica nos últimos anos: o uso da internet pode reduzir a capacidade de memorização das pessoas. Um grupo de 106 voluntários foi submetido a 4 baterias de testes de memória – sendo que, na metade dos casos, tinham um computador para ajudar. Esses voluntários ficaram dependentes da máquina e se saíram mal quando não tinham acesso a ela. Segundo os cientistas, isso acontece porque as pessoas delegam ao Google a obrigação de se lembrar das coisas. 

A internet está substituindo o cérebro na tarefa de pensar

Quando você quer lembrar-se de alguma coisa, confia mais na sua própria memória ou no Google? Uma pesquisa mostra que a maioria das pessoas prefere a segunda opção. De acordo com especialistas, o cérebro está se adaptando para lembrar não da informação, mas sim do lugar onde pode obtê-la. E mais: quando não encontramos os dados de que precisam imediatamente, desistimos logo da busca.

Para chegar a estas conclusões, cientistas das Universidades de Harvard, Columbia e Wisconsin-Madison realizaram uma bateria de testes envolvendo a memória de voluntários. Os participantes deveriam lembrar de algumas informações usando apenas a sua memória. Depois os pesquisadores verificaram se eles saberiam buscar os dados na internet.

O resultado foi claro: quando as pessoas não conseguem se lembrar das informações, lembram onde encontrá-las. Aliás, segundo o estudo, houve participantes que não fizeram o menor esforço para tentar se recordar dos dados sozinhos.

Isso acontece porque, quando não havia acesso à internet, as pessoas tinham fontes limitadas de informações, que exigiam esforço para serem encontradas – como livros. Por causa do esforço e do interesse genuíno no conteúdo, nosso cérebro criava associações com imagens, com a situação, com outros elementos do nosso conhecimento, convertendo tudo em memória.

Com a web, qualquer coisa está a um clique de distância. Não há dificuldade nenhuma para encontrar informação – só o que precisamos é dar um “Google”. Ou seja, menos associações são criadas, já que não existe dificuldade e a busca se tornou uma tarefa mecânica. Como é fácil encontrar esta informação de novo, o cérebro não é estimulado a guardá-la. Quando precisamos deste conhecimento não lembramos dele, mas sim de onde encontrá-lo.

E, para isso, existem consequências boas e ruins. Como a memória humana não é perfeita, acabamos tendo mais facilidade em checar os fatos com a internet. E a maior quantidade de informações também pode ser fonte de inovação, afinal o conhecimento humano está mais acessível.

Mas sendo dependentes do computador, podemos acabar reféns de informações incorretas, que povoam a internet e que seriam reproduzidas. Além disso, como não estamos mais acostumados a recordar de detalhes ou a refletir sobre o que estamos pesquisando, tanto nossa memória como o pensamento conceitual podem estar comprometidos.

E a “culpa” desse fenômeno não é apenas das ferramentas de busca, mas da web em sua forma atual. Os autores da pesquisa apontam alguns outros motivos para o mundo online afetar o jeito com que pensamos:

- Com agendas não precisamos nos preocupar em lembrar-se de um compromisso – muito menos de checar nossa agenda. Todos os eventos chegam diretamente no e-mail. Os aniversários da família e dos amigos? Estão nas notificações do Facebook.

- Também não precisamos mais lembrar em que pasta (ou em qual pen drive) armazenamos nossos documentos. Com o Google Docs nossos arquivos estão sempre à mão.

- Com o Google Images não precisamos nos lembrar do nome de quadros ou de pontos turísticos. Basta tirar uma foto com seu smartphone e o serviço pode te ajudar na identificação.

- Já o Google Maps poupa você do esforço de memorizar caminhos – digite o endereço e a rota mais fácil surge diante de seus olhos.

  revistagalileu.globo.com/Revista

 

Mal-educada e gagá? A culpa é da web

São Paulo - Não há duvidas de que a internet está mudando nossa maneira de pensar e nossa memória. A questão é: para melhor?

Alguns dizem que a habilidade de reconhecer padrões ficou mais avançada. Outros têm uma visão mais pessimista, como Nicholas Carr, autor do livro The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains. Ele sugere que a internet está transcodificando o nosso cérebro para uma maneira de pensar fragmentada, resultando em um poder superficial de aprendizagem.

ESTAMOS FICANDO BURROS? - Carr argumenta que, por causa dos hyperlinks, essa maneira fragmentada de pular de informação a informação diminui nossa capacidade de concentração e de aprendizagem. Notei isso há dois anos. Toda vez que pegava um livro mais difícil, lia a mesma página duas vezes.

Essa distração não acontece só na hora absorver informação por meio da leitura. Acontece também quando estou escrevendo. Minhas anotações estão divididas entre três cadernos e meu celular. Quando estou ouvindo uma palestra, tenho pena do palestrante, que tem de competir com a internet, com o Twitter, o Facebook e o e-mail. Conclusão: além de burra, fiquei mal-educada, indelicada, distraída...
Esse comportamento pode ficar pior? Pode.

Com a falta de memória. Tudo bem que já estou ficando gagá por causa da idade, mas o problema não é reter pouca informação, é re ter quase nenhuma informação: nomes de pessoas, filmes, livros. Nada.
Já estava para aceitar esse coma intelectual quando li um artigo no The New York Times sobre a relação en- tre a internet e a memória. Segundo o autor, pesquisadores da Universidade de Colúmbia descobri- ram que as pessoas retêm mais infor- mação se souberem que não há arquivo para guardar os dados aprendidos. E o que é a internet senão um arquivo gigante?

Como podemos achar informação com uma simples pesquisa no Google, não nos importamos em reter nada.
Então, pelo menos não estou esquecendo tudo, estou ficando boa em recobrar informação. Mas o que acontece com dados novos que recebo a cada dia? Qual seria a cura para a inundação de dados fragmentados que está acabando com a minha capacidade de reflexão?
O meu antídoto vem em três formas: filtrar, selecionar e relaxar.

Filtrar
 - Com acesso a tanta informação, a melhor maneira de aprender é usar ferramentas que filtram dados. Para isso, recomendo: percolate.com, pulse para o iPad, paper.ly e tweetdeck.

Selecionar - 
Depois de filtrar a informação, o próximo passo é escolher dois ou três artigos mais importantes e formar opinião sobre eles. Se informação é quantidade, opinião é qualidade. Um retuíte de vez em quando é válido. Mas há pessoas que só fazem retuíte e nunca têm opinião sobre nada. O mesmo vai para aqueles que só passam links sem dizer se gostaram ou não do conteúdo.

Relaxar - 
Li uma vez, não me pergunte onde, tenho de pesquisar no Google, que um jornal de domingo tem mais informação que uma pessoa na idade média teria a vida inteira. Multiplique isso por cinco outras fontes a cada dia e por 60 anos. É impossível absorver tanta informação. Então, relaxa.

Alessandra Lariu, INFO

 

 

Cérebro Virtual

A internet mudou significativamente o modo que buscamos e compartilhamos informações. Agora é possível encontrar a informação que desejamos com apenas alguns cliques, diferente de alguns anos atrás, quando era necessária uma extensa pesquisa em livros ou bibliotecas.

A Revista Veja de 20 de julho de 2011, traz uma reportagem intitulada “Google: como ele afeta o cérebro”, que nos faz refletir se toda essa facilidade é realmente boa para nosso cérebro e memória.

Segundo a reportagem, especialistas da Universidade da Columbia dizem que não. A memória perdeu sua relevância, pois nós nem nos esforçamos mais para lembrar certas coisas, até nossas memórias sociais estão na internet, em sites de relacionamento. A leitura profunda foi substituída por uma série de leituras superficiais, curtas, objetivas e imediatas. Estamos cada vez mais dependentes dos sites de busca e relacionamento.

De acordo com estudo da psicóloga Betsy Sparrow, a memória processada pelos 100 bilhões de neurônios do cérebro está se adaptando rapidamente a era da informação imediata. Uma das conclusões da pesquisa é de que estamos menos preocupados em reter informações, justamente por que sabemos que elas estarão disponíveis online. O cérebro necessita de impulsos para se desenvolver, e quanto mais desafiadores e harmônicos eles forem, melhor ele se tornará. Facilitar a atividade do cérebro pode torná-lo mais preguiçoso e menos ávido por se aperfeiçoar.

Porém, em contraponto a essa conclusão que parece assustadora, a reportagem mostra que a história nos traz alguns exemplos tranquilizadores. Na Grécia Antiga, Sócrates lamentou a popularização da escrita, pois achava que a palavra escrita tornaria a mente preguiçosa e prejudicaria a memória. O advento da imprensa de Gutenberg, no século XV, também levantou um questionamento semelhante, de que a facilidade do acesso aos livros promoveria a preguiça intelectual. Sabemos que nenhum desses exemplos se tornou verdade, pois a escrita e imprensa potencializaram a capacidade cognitiva humana, facilitando a troca de informações. Então, talvez, a internet e principalmente os mecanismos de busca não prejudiquem o raciocínio crítico, tornando-se mais um componente da evolução intelectual humana.

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