Qua01052024

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O Profeta do Amor

profeta-do-amorFui chamado de Profeta do coração partido, mas prefiro que se lembrem de mim como o Profeta da esperança e do amor. Sou Oséias. Profeta de Deus para Israel minha terra.

Venha comigo até a minha casa nos arrebaldes de Samaria. Ali debaixo de um carvalho está Gômer, minha mulher. Eu a amo como a minha própria vida. Você também aprenderá a amá-la. Sentado junto dela encontra-se nosso filho Jesreel. Ele já tem 18 anos é bonito, forte, um jovem dedicado a Deus. Aos pés de Gômer e olhando para ele está a nossa filha Lo-Ruana. Você vê como o cabelo escuro dela brilha? é o retrato da mãe. Tinha dezesseis anos há um ano e meio. Depois vem Lo-Ami seu irmão, tem quinze anos e é tão alegre e vibrante como o riacho que você ouve correr logo ali.

Somos felizes e temos paz. Mas nem sempre foi assim.

Comecei meu ministério como profeta a quase trinta anos, durante o reinado de Jeroboão II, aqueles foram anos de prosperidade. As caravanas que passavam entre a Assíria e o Egito pagavam impostos para o tesouro do rei Jeroboão e vendiam suas mercadorias em nossas cidades. Deixavam também seus filhos, suas filhas e seus deuses. Esses deuses e o dos Cananeus, assim como os de Jezabel conquistaram o coração de meu povo. Altares foram construídos para ofertas e se tornaram lugares de pecado.

Se viajasse hoje pela minha terra, veria imagens e altares por todos os bosques. Meu povo tem muita ovelhas e gado. Alguns pensam que Baal, o suposto deus da fertilidade, é quem dá os cordeirinhos, os bezerros e os frutos dos campos. Cada cidade tem o seu lugar alto onde Baal é adorado. Não muito longe daqui existe um lugar alto, eles se encontram em toda a parte em Israel atualmente! pode-se ouvir à noite, algumas, vezes, o bater dos instrumentos musicais dos sacerdotes e o riso das prostitutas sagradas. Na semana passada, um casal que mora três casas adiante da nossa, sacrificou seu filho pequeno a Baal.

Você talvez se pergunte como o povo de Deus poderia comportar-se de maneira tão ímpia. Isso aconteceu, porque os sacerdotes do Senhor se apartaram dEle. Eles se comprazem nos pecados do povo. Aprovam o que vêem e pedem mais. É certo o ditado: tais sacerdotes, tal povo. Como os sacerdotes são perversos, o povo também é. Deus com certeza irá julgá-los. Minha terra tão linda dentro em poucos anos será esmagada sob as botas pesadas do poder militar Assírio.

É verdade, há trinta anos Deus me indicou como profeta para Israel. Meu pai Beeri e minha honrada mão me haviam ensinado desde cedo a temer ao Senhor. O Deus único e verdadeiro de Israel. Ele me ensinaram a odiar ao deus-bezerro de Jeroboão I. Nós orávamos todos os dias. Queríamos sempre voltar ao templo de Jerusalém. Cantávamos diariamente os hinos de Davi e aguardávamos ansiosos a volta do Messias.

Meu ministério sempre foi difícil. A primeira década teve lugar nos dias fervorosos dos meus vinte anos. Meus sermões queimavam como fogo. Meu coração sangrava pelo meu povo. Poucos me davam atenção e a maioria zombava. Quando fiz 32 anos. Deus me estimulou e passei muitos dias em oração e meditando. Sentia-me sozinho e necessitado de companhia.

As primeiras geadas do outono haviam tingido as folhas das árvores quando fui com os meus pais visitar a família de Diblain. Ocupado com o meu ministério eu não há tinha visto há anos. Estávamos conversando, animados, quando entrou pela porta a jovem Gômer. filha de Diblaim. Eu me lembrava dela como uma garota bonita e muito mimada, mas agora era uma bela mulher. Seu rosto de marfim era rodeado por uma nuvem de cabelos pretos como as asas do corvo. Fiquei fascinado pela sua beleza, e senti dificuldades em desviar os olhos dela.

Ao voltarmos para casa naquele dia, conversei com o meu pai sobre muitas coisas. Todavia pairava na minha mente a figura de uma jovem israelita de cabelos negros. A amizade de meu pai com Diblaim aumentou e eu costumava viajar com ele para uma visita. Sentia-me estranhamente atraído para Gômer. Diblaim e o meu pai conversavam muito. Certo dia meu pai me surpreendeu com uma proposta: Oséias, quero que se case com Gômer. Eu não duvidava do meu amor por Gômer, mas algo a respeito dela me perturbava, como a maioria das jovens da época, ela gostava de roupas caras, jóias e cosméticos. Eu aceitava isto como parte da sua feminilidade.  Parecia porém ser mais experimentada do que deveria ser para sua idade, nos caminhos do mundo.

Todavia, eu a amava, sendo também vontade de meu pai que a desposasse. Eu sabia que meu amor fervoroso por Deus iria impedir que ela seguisse o caminho do mal. Deus confirmou que Gômer também era a sua preferida.

Fiz-lhe a corte com a paixão de um profeta. Deus me dera o dom da poesia e cobri Gômer com palavras de amor.

Ela correspondeu ao meu sentimento. Ficamos juntos sobre o arco florido do altar hebreu do casamento e juramos amor eterno a Deus e um ao outro. Ouvimos juntos a leitura das leis divinas para o casamento. Ouvimos o aviso de que a nossa união era o símbolo daquela que havia entre Deus e Israel, sua noiva.

Levei Gômer para casa. lemos juntos os cantares de Salomão. Comemos os frutos doces do seu jardim de amor. Ela me pareceu tão refrescante quanto os primeiros figos da estação. Gômer parecia feliz no amor de Deus e de Oséias. Eu aguardava esperançoso o futuro.

Logo depois de nosso primeiro ano de casados, Gômer deu-me um filho. Procurei a Deus e soube que o nome dele deveria ser Jezreel. cujo nome lembraria constantemente Israel que o juízo de Deus viria com toda certeza. Era uma lembrança viva da época em que vivíamos.

Com o nascimento de Jezreel, Gômer pareceu mudar. Tornou-se distante e surgiu um olhar sensual em seu rosto. Julguei ser uma reação a responsabilidade de cuidar de nosso filho. Aqueles foram dias ocupados. A mensagem de Deus me inflamava e eu a proclamava por toda a nação.

Gômer logo concebeu outra vez. Tivemos uma filha. Soube de Deus que deveria lhe por o nome de Lo-Ruana. Era um nome estranho e me perturbou profundamente, pois significava não amada. Pois o Senhor disse: Não mais tornarei a favorecer a casa de Israel, para lhe perdoar.

Gômer começou a afastar-se de mim depois disto. Muitas vezes saia depois de pôr as crianças na cama, só voltando de madrugada. começou a parecer cansada, emagrecida e rebelde. Procurei de todas as formas reconquistá-la, mas em vão. Cerca de dezoito meses mais tarde ela teve um terceiro filho, outro menino. Deus me disse para chamá-lo Lo-Ami, significando não meu povo. Deus disse a Israel: Vós não sóis meu povo, nem Eu serei vosso Deus. Um espinho entrou em meu coração. Eu sabia que ele não era meu filho, e sua irmã não era fruto do meu amor. Aqueles foram dias de intenso desespero. Eu não conseguia cantar os hinos de Davi, meu coração partiu-se em meu peito. depois de desmamar Lo-Ami, Gômer foi embora para não mais voltar. Tornei-me pai e mãe de três crianças.

Minha alma se encheu de trevas. Meu ministério parecia paralisado por causa dos desvios da minha mulher. Minhas orações aparentemente não subiam ao trono de Deus. Mas ele então me instigou novamente. Soube que Ele faria uso da minha experiência como um exemplo do seu amor por Israel.

O amor por Gômer inflamou novamente o meu coração e soube que não deveria desistir dela. Procurei por ela em Samaria, encontrando-a numa casa em ruínas de um israelita lascivo e dissoluto que não tinha meios para sustentá-la. Ela rejeitou minhas súplicas.

Com o coração partido e pesado voltei para as minhas crianças, lamentando e orando. Um plano surgiu em minha mente. Fui amo mercado e comprei comida e roupas para Gômer. Comprei também as jóias e os cosméticos que ela tanto gostava. depois entrevistei-me em particular com o seu amante. Ele ficou desconfiado, pensando que queria fazer-lhe mal. Quando contei meu plano, um riso malicioso surgiu em seu rosto. Se não podia levar Gômer para casa comigo, meu amor não suportava vê-la passando necessidade. Eu iria dar-lhe as coisas de que precisava e ele podia fazê-la pensar que eram presentes seus. Apertamos as mãos sobre o trato. Ele foi embora carregando as provisões e eu o segui nas sombras.

Ela o recebeu com alegria e encheu-o com demonstrações de amor. Pediu-lhe para esperar do lado de fora enquanto trocava a sua roupa usada pela nova. depois do que pareceram horas, ela voltou vestida esplendorosamente, como a Gômer que eu vira naquele primeiro dia em casa de seu pai. O amante aproximou-se para abraçá-la, mas ela não permitiu, ouvi-a dizer: É claro que as roupas, os alimentos e os cosméticos não vieram das suas mãos; mas das de Baal que dá tudo isso. Estou resolvida a expressar minha gratidão a Baal, servindo como sacerdotisa num lugar alto.

Foi como se eu tivesse virado pedra. Não podia mover-me. Eu a vi ir-se embora. Não era possível ajudá-la pois se desviara para sempre. Quanto mais eu tentava recuperá-la mais ela se afastava. Enfraquecido pelo sofrimento íntimo, voltei tropeçando para casa. Passando noites sem dormir e dias de perplexidade e dor.

Gômer entregou-se com abandono ao seu papel de sacerdotisa de Baal. Ela alegremente prostituiu o seu corpo, entregando-se ao desejo lascivo dos adoradores da sórdida divindade.

Meu ministério tornou-se uma peregrinação de sofrimento, fui tomado como objeto de zombarias. Parecia que o castigo pelo pecado de Gômer e de todo o meu povo caíra sobre mim.

Agarrei-me em Deus, meu pai e a minha mãe me ajudaram a cuidar das três crianças e ensiná-las. Elas corresponderam com amor e obediência. Tornaram-se o bálsamo de Giliade para o meu coração ferido. Os anos se passaram enquanto eu proclamava a mensagem de Deus por toda a parte naquela terra. Eu orava diariamente por Gômer e enquanto orava o amor surgia em meu coração.

Sonhava todas as noites com ela e o sonho era tão real que ao acordar sentia como se tivesse acabado de deixar-me.

Os anos voaram, mas os sacerdotes de Baal a mantinham em suas garras mortais.

Aconteceu a apenas um ano. Os primeiros sinais da primavera começavam a surgir em nossa terra, em meio à minha hora de meditação matinal, Deus pareceu enviar-me para o meio do povo de Samaria. Senti uma espécie de profunda expectativa, então comecei a vaguear pelas ruas.

Em breve me encontrei num mercado de escravos. Era um lugar que eu odiava. Vi então um sacerdote de Baal levando uma mulher para o bloco de escravos. Meu coração parou, era Gômer. Sua aparência era terrível, mas não podia enganar-me. Eles a colocaram nua sobre o bloco, mas ninguém a olhou com intenção lasciva. Ela estava gasta, envelhecida e magra, quase transparente. Suas costelas podiam ser vistas sob a pele ao longe. O cabelo embaraçado e cheios de estrias grisalhas, tendo nos olhos um lampejo de loucura. Chorei.

A seguir, mansamente, a voz de Deus sussurrou em meu coração, parei confuso. O leilão chegou a treze moedas de prata antes que eu compreendesse o propósito de Deus, ofereci quinze moedas. Houve um intervalo e aceitaram o meu preço.

Quando subi ao bloco, um murmúrio de incredulidade passou pela multidão. Eles me conheciam e também a Gômer, curvaram-se à espera. estavam certos de que eu a mataria na hora, pela sua infidelidade. Mas o meu coração pulsava cheio de amor.

Coloquei-me na frente de Gômer e gritei para o povo.

Deus diz a vocês: A não ser que Israel se afaste das suas prostituições, irei deixá-la despida como no dia em que nasceu, farei dela um deserto e a deixarei como uma seca, para morrer de sede.

Gritei para um mercador que estava numa banca próxima; traga-me este manto branco que está no fim da prateleira.

Paguei-lhe o preço que pediu. A seguir envolvi ternamente com ele o corpo enfraquecido de Gômer e lhe disse: Gômer, você é minha pelo direito natural de marido, mas agora é também minha porque a comprei, você não vai mais se afastar de mim nem prostituir-se. ficará confinada por algum tempo e depois irei restaurá-la à alegria de sua condição de mulher.

Ela suspirou e caiu desmaiada em meus braços. Amparei-a e falei ao povo: Israel ficará muitos dias sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem estola sacerdotal, depois disto os filhos de Israel buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, eu rei, e, nos últimos dias, tremendo se aproximarão do Senhor e da Sua bondade. E onde se dizia de Israel Lo-Ruana, vós não sóis amados, se lhes dirá: Vós sois amados. Pois o amor de Deus não irá desistir de vocês, mas irá segui-los sempre. Onde Israel for chamado Lo-Ami, vós não sóis meu povo, se lhes dirá: Vós sóis filhos do Deus vivo, porque vou perdoá-los e restaurá-los.

Voltei  para casa com o meu frágil fardo. Tratei de Gômer até recobrar a saúde, fazia leituras diárias da Palavra de Deus para ela. Ensinei-a a cantar o hino de penitência de Davi e depois cantávamos os alegres hinos de louvor a Deus feitos por Davi. Em meio à canção eu a restaurei ao Senhor, ao nosso lar, a nossas crianças.

Está vendo como ela é bonita? Eu sempre a amei, mesmo quando se encontrava perdida, porque meu Deus lhe tinha amor. Gômer correspondeu ao amor de Deus e ao meu. Ela não me chama de Senhor mas de meu marido. E o nome de Baal jamais voltou a ser pronunciado pelos seus lábios.

Ouça agora, meu povo, a minha mensagem com uma nova atitude. Pois sou um profeta que aprendeu uma grande e esplêndida verdade. Tomei conhecimento. No mais íntimo do meu ser, de como Deus ama, desesperadamente os pecadores. Como Ele os busca deliberadamente! Como os atrai para Si mesmo. Aleluia!!

 

ed-wheat 

 

 

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Este é o homem a quem olharei...

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"Treme da minha palavra...", Isaías 66:1-2

Como isto te parece? O Altíssimo, busca atentamente algo nos homens, algo cujo valor transcende as iguarias dos príncipes desta terra.